terça-feira, 27 de novembro de 2007

CENTENÁRIO (RAPHAEL SANTANA) - ESSA HOMENAGEM AO MEU AVÔ É INDISPENSÁVEL

Quando leio nos jornais os anúncios de centenário de nascimento de pessoas, as mais diversas, pensava com os "meus botões" : como seria bom poder celebrar tal ,data. Não" pensava'" por mim, mas por meus pais. Minha mãe, ainda faltam uns quatro anos, mas meu pai JOSÉ DO CARMO SANT’ANNA o ‘JOÃO SANTANA DA LEOPOLDINA” vai ser breve. Filhos, noras, genros, netos e bisnetos reunidos no dia 16/07/2004, tudo fazendo para reviver os momentos vividos com um ser humano imenso no amor, na amizade, no companheirismo, na dedicação" em tudo, de bom que pode um ser como ele, viver e transmitir.

Papai não, nasceu aqui. Ele veio, ainda criança, lá de VARRE E SAl, distrito, de Natividade de Carangola, onde nasceu. A família se instalou numa localidade pequena, perto de Burarama. Eram agricultores e desmatadores. As toras de madeira que tiravam para formar a lavoura eram transportadas por carro de boi. Fui com ele conhecer o lugar quando tinha meus doze. Havia ainda restos da casa onde eles. Naquela parte da estrada que leva a Burarama, onde existe um despenhadeiro que acaba no rio, ele me falou que jogavam as toras e que elas eram levadas pela correnteza até Pacotuba, onde ficava uma serraria que beneficiava a madeira e de onde ela era levada para as cidades, passando primeiro por Cachoeiro.

Ele me falou, num misto de saudades, que naquele tempo ele tangia os bois, auxiliado pelo seu irmão, ainda um pedaço de gente, um garotinho, Tio Lázaro, que vem a ser pai de Luiz Carlos e Luiz Sérgio. Lembro-me até hoje, a emoção estava possuindo meu pai enquanto me contava. Perguntei o que ele estava sentindo e me disse que se lembrara de uma pessoa que conheceu e que caiu no rio junto com uma tora e que demorou a ter o corpo encontrado. Dá para imaginar as dificuldades que as crianças encontravam para trabalhar e era comum a todas elas.

Tempos depois de já viver ali na Basiléia, papai foi trabalhar na Leopoldina. Lembro-me dele trabalhando no Control, que ficava na parte de cima da estação e que controlava tudo em matéria de tráfego num determinado trecho da linha férrea. Logo depois que apareceu a "semana inglesa", ou seja, o expediente terminava ao meio dia de sába­do, papai foi trabalhar como Fiscal de Trens. Ele ficou muito mais conhecido e aumentou o seu círculo de amizades. Trabalhou, mais de quarenta anos e quando se aposentou sentiu um vazio muito grande. Começou a viajar muito, mas preferencialmente, pela Leopoldina. Não tinha semana, daí em diante, que ele não estava num trem, talvez para matar saudades. Imagino, até, que ele se mudou para Campos para poder ter motivo de ir e vir a Cachoeiro.

Papai foi meu grande líder. Sempre me disse para que eu nunca deixasse de estudar. Nunca me impôs limites, mas nunca eu os ultrapassei. Jogar futebol, servir o Exército, ser profissional de futebol e estudar Odontologia em Vitória, ele sempre me protegeu para que fosse o que eu quisesse. Só me pediu uma coisa: "SEJA SEMPRE HONESTO, NADA NA VIDA VALE MAIS DO QUE ISSO". Para demonstrar que ele queria que eu fosse, "eu mesmo", ele era Maçom, mas nunca me disse qualquer coisa, para que eu seguisse os seus passos.Não sei o por que? Minha admiração por ele é total. Foi um amigo, mais que um pai.

Eu tento ser para meus filhos, um pouco do pai que. tive. Para os meus netos, eu quero ser também, um pouquinho só, do avô excelente que ele foi para os seus netos.

Papai era fluminense (até no futebol) por nascimento e Cachoeirense de coração, sem ter recebido qualquer título. Muitos que do conheceram pensam que ele nasceu aqui.

16 de julho de 2004 é a data em que faz cem anos que um JOSÉ DO CARMO SANTANA, nasceu. Deus lhe concedeu o descanso eterno! '

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