terça-feira, 27 de novembro de 2007

NOVE ANOS DEPOIS DE SEU FALECIMENTO, UMA JUSTA HOMENAGEM

ABEL SANTANA
Abel Santana nasceu em Pacotuba, distrito de Cachoeiro, em 24 de agosto de 1916 e faleceu, aos 82 anos, em 04 de novembro de 1998. Casado com D. Dalva Melo Santana, era filho de José Antonio Santana e de D. Maria Dolores Santana. Filho de pais vindos das Ilhas Canárias, Abel Santana perdeu o pai aos 8 anos de idade. Foi tirador de leite, que vendia em garrafas fechadas com rolhas de sabugo de milho. Depois, ferroviário por 18 anos. Deixando a Leopoldina voltou à roça, de onde foi tirado pelo Dr. Dulcino Monteiro de Castro, ex-prefeito, para ser vereador e Prefeito Municipal de Cachoeiro, inscrevendo seu nome entre os grandes políticos de nossa terra.

Já agricultor e proprietário de terrenos urbanos, foi vereador em Cachoeiro de 1959 a 1962, e presidente da Câmara nos dois primeiros anos. Prefeito municipal de Cachoeiro, no período de 1963 a 1967. Durante seu mandato que a cidade teve as duas primeiras escolas superiores: de Filosofia, à frente as irmãs de caridade; e de Direito, então autarquia municipal, sendo a vontade de Abel Santana fundamental para sua criação. No seu governo criou-se o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e foram construídas escolas importantes (como o Ináh Werneck e o Anísio Ramos). Fundou o jornal “O Momento”. Também foi no seu governo que Cachoeiro ganhou seu hino oficial, o “Meu Pequeno Cachoeiro”, de Raul Sampaio (Lei Municipal nº 1.072, de 28 de julho de 1966). A atividade de Abel Santana em favor da educação, mesmo não tendo ele próprio grande escolaridade, é demonstração de que os políticos não precisam ter diplomas para governar; se tiverem respeito pela coisa pública e vergonha na cara, a ausência de diplomas, se não ajudar, não atrapalha em nada.

Em 1998, quando de seu falecimento, escrevi na “Folha do Espírito Santo”: “Para nós da classe média, o maior feito de Abel é a Faculdade de Direito, que ele diz ter criado para permitir que outros pudessem freqüentar um curso superior - “já que não pude estudar, pelo menos dei essa chance para outras pessoas”. Seu nome, e ele tinha muito orgulho disso, foi dado ao Diretório Acadêmico da Faculdade. Para as classes menos favorecidas sua grande obra, além da administração que fez voltada para eles, foi meter a mão no seu próprio patrimônio e distribuir quase tudo que tinha - hectares e mais hectares de terrenos urbanos - para que se construíssem casas onde moram hoje aproximadamente 10.000 famílias, no Zumbi e em áreas adjacentes. É belíssima a história dessas doações, das vendas a mísero preço, dos perdões das prestações a perder de vista”. Desnecessário dizer que mantenho íntegras essas palavras de quase um decêndio sobre Abel Santana. Ao contrário de outros políticos, felizmente não todos, a biografia de Abel só melhora com o decorrer dos anos.

Higner Mansur é advogado e estudioso da história cachoeirense

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