sexta-feira, 20 de junho de 2008

REFUIAGDOS NO BRASIL VEM NA MAIORIA DA AFRICA


Lomama-Eyo (nome fictício) é africano e vive em São Paulo. Há dois anos, o engenheiro elétrico foi obrigado a deixar a República Democrática do Congo e sabe que fez o melhor, mesmo deixando a mulher e os dois filhos para trás. Se ficasse, provavelmente estaria morto agora.
Lomama era um cidadão comum que ousou se manifestar contra o governo de Joseph Kabila, presidente que assumiu o poder no Congo depois que o pai dele, o guerrilheiro Laurent Kabila, foi morto pelo próprio guarda-costas, em 2001.
Com sua guerrilha, Laurent Kabila havia conseguido, em janeiro de 2001, derrubar o ditador Mobutu Sese Seko, que estava havia 32 anos no poder no país, então chamado Zaire. Em meio a esta longa trajetória de instabilidade política, Lomama, assim como outros manifestantes, foi à rua para pedir democracia.
Eu não tinha partido, só queria me manifestar”, explica, numa sala da Cáritas, em São Paulo, instituição ligada à Igreja que apóia refugiados no Brasil. O pedido por democracia custou caro ao congolês. Ele foi preso e, por pertencer à mesma etnia de um líder oposicionista e ter o mesmo nome deste, foi confundido com um membro da família do militante.
Em pouco tempo, foi transferido a um presídio destinado a indivíduos mais perigosos. “De lá, a única saída era ...”- Lomama passa o dedo no pescoço, sinalizando uma degola. “Quando cheguei, os outros presos já me avisaram: se for chamado para conversar, faça sua última prece”, conta.
Quando, após quase nove meses preso, finalmente foi chamado para "conversar", Lomama teve sorte, pois o interrogador estudara com seu pai. Então, ajudou-o a sair da prisão e a tomar um navio no porto. “Não sabia para onde ia”, relembra Lomama.
Quando chegou a Santos, pensava que estava em Portugal, mas os tripulantes da embarcação desfizeram o equívoco e o ajudaram a chegar a São Paulo.

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